Três gerações, um legado: conheça a história da Citerol.
Era uma vez um jovem libanês de 19 anos chamado René, que vivia em um país marcado pela guerra e pela escassez. Era o ano de 1932, e cada dia trazia mais incertezas. As ruas estavam cheias de histórias sobre aqueles que haviam partido para o Brasil e encontrado um futuro melhor. Essas narrativas acenderam uma fagulha de esperança em René, que não conseguia se imaginar preso em meio ao caos do Líbano.
Determinado a mudar seu destino, ele tomou uma decisão ousada: deixaria tudo para trás e arriscaria tudo por uma nova vida. Sem recursos e com coragem como sua única bagagem, René encontrou um navio com destino ao Brasil e se escondeu no porão, com o coração batendo acelerado e temendo o desconhecido. A viagem foi uma verdadeira provação. Ele enfrentou noites geladas, fome constante e dormiu em cantos precários que mal o protegiam do frio. A cada dia, o desafio parecia maior, mas a esperança de uma nova vida o mantinha firme.
Quando finalmente desembarcou em terras brasileiras, René não encontrou o alívio que imaginava. Sozinho, com apenas 19 dólares no bolso e sem falar uma palavra de português, sentiu-se completamente perdido. Uma carona inesperada, no entanto, o levou até uma cidade desconhecida, mas que logo se tornaria o palco de sua vida: Belo Horizonte.
Assim que chegou, René enfrentou dias sombrios. A fome, o frio e as noites passadas na rua traziam de volta as memórias amargas das dificuldades que havia deixado para trás no Líbano. Mas, mesmo nos momentos mais difíceis, ele se apegava às palavras de seu pai: "O caminho para a prosperidade é o trabalho duro." Essas palavras ecoavam em sua mente como um farol em meio à escuridão, lembrando-o de que cada esforço, por menor que fosse, poderia levá-lo adiante.
Determinado a não desistir, René aceitou qualquer trabalho que aparecesse. Tornou-se faxineiro, carregador de malas em hotéis e até porteiro. Cada tarefa, por mais simples ou pesada, era abraçada com dedicação e gratidão. Ele sabia que cada dia de trabalho era mais do que sobrevivência: era a construção do futuro que tanto almejava.
Mas, como bom libanês, o espírito comerciante de René logo despertou. Ele percebeu uma oportunidade que poucos enxergavam: em São Paulo, havia uma grande variedade de objetos que eram escassos em Minas Gerais, como chuquinhas de cabelo, linhas, botões e tecidos. René não resistiu à chance de explorar esse mercado e se tornou um “sacoleiro” empreendedor.
Com poucos recursos, mas muita determinação, sua rotina era desafiadora: ele pegava caronas em caminhões até São Paulo, enfrentava longas horas de viagem e negociava com fornecedores para conseguir os melhores produtos. De volta a Belo Horizonte e ao interior de Minas, revendia as mercadorias, conquistando a confiança e a admiração dos clientes com sua simpatia e esforço.
Com o sucesso de sua empreitada, René conseguiu, aos poucos, juntar dinheiro suficiente para realizar um grande sonho: abrir sua própria loja no coração de Belo Horizonte. E foi um sucesso absoluto! O pequeno negócio logo começou a prosperar, atraindo cada vez mais clientes e se tornando referência na região.
Até que, certo dia, um homem bateu à sua porta com uma proposta inesperada: convidou René para se tornar sócio em uma fábrica de roupas masculinas da cidade. A oportunidade parecia promissora, e ele aceitou sem hesitar. Mas o que aparentava ser um bom negócio logo se revelou um enorme desafio. Ao assumir a empresa, René descobriu que ela estava mergulhada em dívidas e enfrentava sérias dificuldades operacionais, fruto de uma gestão desastrosa dos outros sócios.
O golpe foi duro, e René viu quase tudo o que havia conquistado no Brasil escorrer pelos dedos. Ainda assim, como sempre, ele não se deixou abater. Com a mesma coragem que o levou a cruzar o oceano, enfrentou as adversidades de frente e, com trabalho incansável, conseguiu reerguer a empresa. Quando finalmente colocou a fábrica nos trilhos, René comprou a parte dos outros sócios e tomou uma decisão ousada: transformar o negócio em uma fábrica de uniformes militares. Assim nasceu a Citerol, uma abreviação de sua razão social da época, Comércio e Indústria de Tecidos e Roupas Ltda.
Já no primeiro ano, em 1966, a Citerol alcançou um marco decisivo: venceu uma licitação para fornecer uniformes à Polícia Militar de Minas Gerais. Esse contrato não só marcou o início de uma parceria duradoura — com a corporação permanecendo cliente até os dias de hoje —, mas também abriu portas para inúmeras outras corporações militares em todo o Brasil. Assim, passo a passo, a Citerol foi expandindo sua presença pelo país.
Os anos se passaram, e em 1982 René percebeu que precisava de ajuda para administrar a Citerol. Foi então que chamou seu filho, René Junior, para caminhar ao seu lado na condução da empresa. Juntos, enfrentaram momentos de grandes desafios e conquistas. De um lado, havia as dificuldades típicas de empreender no Brasil: crises econômicas, inflação descontrolada e altos índices de inadimplência. Mas, por outro lado, também desfrutaram de fases marcantes e de muito sucesso.
Com o tempo, René Junior assumiu oficialmente a Citerol, adquirindo a empresa e levando adiante o legado de seu pai. René, após uma vida de trabalho árduo, finalmente se aposentou, dedicando-se a viver seus dias com a tranquilidade merecida.
Em 2013, começou uma nova era na Citerol com a chegada da terceira geração. René Neto e André, filhos de René Junior, foram convocados a integrar a empresa. Jovens, determinados e cheios de energia, trouxeram consigo uma visão moderna e arrojada para levar a Citerol a outro patamar.
Ao assumirem, formaram equipes sólidas, modernizaram as lojas físicas e expandiram a presença da marca, abrindo diversas novas unidades. Para atender empresas de todos os portes, criaram setores especializados, como o de uniformes de pronta entrega para pequenas e médias empresas e o setor dedicado às grandes contas.
A inovação não parou por aí. Com a criação de um e-commerce que hoje atende todo o Brasil, a Citerol alcançou novos horizontes, chegando a lugares que antes pareciam distantes. A marca também deu um salto gigantesco com o desenvolvimento de roupas e acessórios que rapidamente se tornaram sucessos nacionais.
Graças a essas inovações, a Citerol se consolidou como uma das maiores e mais respeitadas empresas de uniformes do Brasil, líder em produtos de alta performance e gestão corporativa. Hoje, a Citerol veste milhões de brasileiros, marcando presença no dia a dia das pessoas, seja no trabalho ou na vida cotidiana.
A história da Citerol é muito mais do que uma trajetória empresarial; é uma prova de que sonhos grandes, somados a muito trabalho, podem vencer qualquer obstáculo. Cada dificuldade enfrentada ao longo dessa jornada foi superada pela determinação, pela coragem e pelo espírito visionário de três gerações.
René, René Junior, René Neto e André, junto de suas equipes, transformaram a Citerol em um símbolo de excelência e inovação.
Hoje, a Citerol não é apenas uma empresa: é uma história que inspira. Um legado que une o passado, o presente e o futuro. E, acima de tudo, é a prova de que desistir nunca é uma opção, e que trabalho duro transforma sonhos em realidade.